quarta-feira, 18 de abril de 2012

GAIOLA SOCIAL






Há tempos me pergunto qual o significado realmente verdadeiro da palavra Sociedade. Alguns dizem que nada mais é do que um local onde as regras determinam o estilo de vida, isto é, não há significado em si mesmo, pois há requisitos predeterminados para fazer parte da gaiola social e se tornar um membro. É um tanto quanto paradoxal, mas terminantemente real o fato de que, sendo a sociedade uma gaiola, muitos lutam arduamente para serem aprisionados a esse fenômeno tão prejudicial para o espírito do homem. Na maioria das vezes a luta é inversa, ou seja, as pessoas buscam uma forma de encontrar as chaves que abrem as portas da prisão, mas no que tange à sociedade parece haver uma inversão no estado de ânimo. Desde os tempos mais remotos o homem vive em sociedade. O contorno social faz parte da essência humana, que busca cegamente um padrão de vida em torno de respostas prontas, sem qualquer tipo de indagação a respeito dos benefícios que o aprisionamento social pode acarretar. Não há nada mais prejudicial para a vida do que viver acorrentado nos anseios e ideais de uma sociedade que se diz apta a viver de forma a proporcionar um padrão de vida aceitável pelos moldes contemporâneos. Tristes dias. É lamentável pensar que a felicidade já não tem um significado autêntico, sendo apenas mera reprodução de algo ou alguém. Ser original na sociedade moderna é algo ultrapassado, que já não possui sustentação em um mundo tão líquido, onde as coisas escorrem como água. A sociedade perdeu a lucidez. A liberdade já pode ser entendida como utopia, enquanto o confinamento na gaiola social pode ser tido como algo terminantemente verdadeiro. Os conceitos se inverteram. A vida tem se tornado uma cópia, um padrão estabelecido dentro da teia social. O que você faz da sua vida não tem significado isolado, pois não há como estabelecer um modo de vida em si mesmo, em um plano distante dessa imensa gaiola que afasta as pessoas de sua verdadeira essência. A vida humana se tornou uma espécie de estereótipo, que naufraga nas ilusões de uma sociedade marcada pelo acúmulo de coisas inúteis e pesadelos que parecem ser sonhos. A estirpe do homem parece ter sofrido uma enorme transformação que acabou aniquilando sua essência, pois até mesmo o livre arbítrio parece ter sido alvo de toda essa teia que arrasta as vontades humanas para bem longe, e faz com que as pessoas vivam conforme modelos predeterminados e se tornem verdadeiras máquinas. Quando isso acontece as pessoas acreditam que conquistaram um modelo de vida seguro, pois não há muito com o que se preocupar, pois a rotina diária não traz preocupações aparentes, e o conformismo com a cópia é tão forte que a imagem do homem parece não ser apenas o seu reflexo. Um verdadeiro engano. A sociedade oferece aos seus membros uma série de inverdades e utopias que parecem entorpecer aqueles que fazem uso dos seus artifícios, tornando-os o rebotalho de um mundo marcado pela ausência de originalidade. Não há nada mais prejudicial para a vida humana do que uma vida tangenciada por modelos estúpidos, que nada acrescentam ao verdadeiro sentido da existência humana. A finalidade das coisas parece ter sido esquecida, a imagem ganhou força, já a essência de uma idéia perdeu o seu vigor. O mundo parece ter esquecido que felicidade real e verdadeira não encontra espaço em moldes, e não pode sobreviver dentro de uma gaiola, não dentro dessa gaiola social. Uma vida cambiante traz mais felicidade do que a imaginação do homem pode alcançar. As regras podem ser importantes no seu trabalho ou em algum lugar similar, mas não podem ser levadas em conta quando o assunto é a essência da vida, da sua vida. Não há como encontrar a plenitude da vida quando você acorda e sabe exatamente como será o seu dia, pois não consigo imaginar alegria maior do que o horizonte sempre novo, repleto de autenticidade, em que a vida se torna confusa, maluca, mas terminantemente feliz e com um sentido ímpar e com uma beleza indescritível. Muita gente vive em circunstâncias infelizes justamente por não conseguir libertar-se dessa enorme jaula chamada Sociedade. O que a sociedade oferece é apenas uma sensação de paz de espírito, uma segurança inexistente, que afasta as pessoas de si mesmo. Viver conforme os padrões é tido como algo normal, pois se você vive conforme as regras é tido como uma pessoa normal. Já quando você abandona a tendência a uma vida conservadora e percebe o quanto pode ser prejudicial ao espírito humano a promessa de um futuro seguro, você é chamado de louco. Enquanto não for encontrada uma maneira de romper as grades dessa gaiola aniquiladora, prefiro manter-me afastado desse paradigma e ser tido como um louco, pois se a normalidade é tudo isso, libertem-me dos normais.

Jorgan Weis                   

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